Entrevista com o vice-presidente do CORECON-PE 01/12/2016
Fernando de Aquino Fonseca Neto, Economista pela UFPE, Doutor em Economia pela UnB, Coordenador do Departamento Econômico do Banco Central no Recife, Presidente do Corecon-PE (2012-2014), Vice-Presidente do Corecon-PE (2011.2, 2015-2016).
Fernando, o que é o Corecon-PE ?
O Conselho Regional de Economia 3ª Região Pernambuco, Corecon-PE, é um conselho profissional, como o CREA, Cremepe, CRC, que tem por finalidade, em sentido estrito, fiscalizar o exercício da profissão de economista em Pernambuco e, em sentido amplo, valorizar a profissão de economista. Integra o sistema Cofecon/Corecons, onde o Conselho Federal de Economia teria uma função mais normativa e os Conselhos Regionais de Economia seriam mais executivos. O Corecon-PE foi o terceiro a ser criado no Brasil, em 1952, um ano após a regulamentação da profissão de economista, com jurisdição em todos os estados e territórios hoje situados no Nordeste e no Norte. Atualmente, cada estado tem um Corecon, exceto o Amapá, que pertence à jurisdição do Corecon-AM.
Como é a gestão do Corecon-PE ?
Como todo conselho, o Corecon-PE tem uma gestão colegiada. São nove conselheiros efetivos e nove suplentes, um terço deles renovado anualmente, por eleição pelos economistas legalmente habilitados (registrados e adimplentes), para um mandato de três anos. Na primeira reunião plenária do ano, os conselheiros elegem um presidente e um vice-presidente, com mandato para aquele exercício, que serão os responsáveis pelas decisões administrativas, das quais as mais importantes precisam ser deliberadas pelo plenário.
É difícil chegar a conselheiro do Corecon-PE ?
O economista precisa estar legalmente habilitado, para se candidatar em uma chapa e tornar-se conselheiro se a sua chapa for vencedora. Os economistas de Pernambuco têm procurado e conseguido compor chapa única nas eleições, o que é desejável por ser uma forma mais conciliadora para gestão do conselho, mas nada impede que mais de uma chapa venha a ser inscrita e concorra na renovação do terço anual. A formação da chapa tem sido conduzida pelos conselheiros que estão exercendo mandato, que apresentam nomes de economistas interessados, dentre os quais são escolhidos os que irão integrá-la.
Vale a pena ser conselheiro do Corecon-PE ?
O perfil mais adequado é de um economista que queira e possa fazer um trabalho voluntário pela valorização de sua profissão, pois não há qualquer remuneração e se espera participação tanto nas plenárias, reuniões mensais em que são deliberadas as decisões mais importantes do Conselho, quanto em eventos, projetos, ações e representação do Conselho.
Como você se tornou conselheiro do Corecon-PE ?
No início de 2011 o Conselho Federal de Economia (Cofecon), atendendo a pedido do próprio Corecon-PE , iniciou intervenção em nosso conselho, que se encontrava sem qualquer condição financeira e continuar funcionando e sequer tinha realizado a eleição de renovação do terço de conselheiros para o período 2011-2013. O Cofecon designou o Conselheiro Federal Nei Cardim para interventor, o qual ficou como responsável pelo Corecon-PE por todo o primeiro semestre de 2011. Nei iniciou um excelente trabalho de reorganização das finanças e regularização de economistas e consultorias econômicas, tanto os que tinham dívidas atrasadas quanto os que estavam exercendo a profissão sem o devido registro. A eleição do terço para 2011-2013 foi realizada no primeiro semestre do primeiro ano, para mandato iniciado apenas a partir do segundo. Do mesmo modo, a eleição para presidente e vice-presidente foi apenas para o segundo semestre de 2011. Eu participei de ambas, me elegendo conselheiro e vice-presidente. O presidente que elegemos foi José Carlos Neves de Andrade, que substituiu Nei Cardim a altura, continuando a reorganização e regularização e já retomando eventos, como as comemorações do Dia do Economista, tradicionalmente promovidas pelos Corecons e há vários anos não realizadas em Pernambuco, e a entrega do troféu de 60 anos da profissão aos economistas mais destacados do estado.
E como foi seu período como presidente?
Em 2012 eu e José Carlos trocamos de posição, em 2013 e 2014 Ana Cláudia Arruda passou a ser minha vice e em 2015 e 2016 eu fiquei como vice dela. Sempre num trabalho conjunto, com a colaboração de vários conselheiros e dos funcionários, nossa gestão tem sido considerada bastante satisfatória, sempre com avaliações favoráveis dos economistas, pelo menos dos que não têm dívidas, pois a gente fica cobrando. Também temos mantido aprovação dos membros do Cofecon e demais Corecons. Além de enfrentar os desafios internos, temos promovido várias ações para os economistas e estudantes de Ciências Econômicas.
Iniciamos a Gincana Pernambucana de Economia em 2012, como uma forma de adesão à Gincana Nacional de Economia, iniciada no ano anterior pelo Cofecon com os ganhadores das gincanas estaduais. Trata-se de uma competição aberta aos estudantes de Ciências Econômicas do estado, utilizando um jogo de computador envolvendo temas de política macroeconômica e ideias de grandes economistas. Este ano realizamos a 5ª Gincana Pernambucana, com 12 duplas de seis cursos de ciências econômicas do estado participando UFPE-Recife, UFPE-Caruaru, UFRPE-Recife, UFRPE-Serra Talhada, Unicap e FBV. Temos mandado duplas ganhadoras para o certame nacional todos os anos. Em 2014 conseguimos o terceiro lugar na 4ª Gincana Nacional, com a dupla Filipe Pimentel e Bruna Aleixo, da Unicap.
Também em 2012 retomamos o Prêmio Pernambuco de Economia Dirceu Pessoa, primeiro prêmio de trabalhos acadêmicos do sistema Cofecon/Corecons, que se encontrava desativado há 13 anos. Os de 2012 e 2013 ainda comtemplaram as categorias profissional e universitário. Em função do Corecon-PE ter passado a conceder prêmios a trabalhos de profissionais no Encontro Pernambucano de Economia (Enpecon), a partir de 2014 o Prêmio Dirceu Pessoa passou a ser direcionado apenas a categoria universitário, que corresponde às melhores monografias.
Demos continuidade aos eventos comemorativos ao Dia do Economista e passamos promover outro, no primeiro semestre, para o lançamento do livro dos melhores artigos do Enpecon, muitas vezes tendo a honra de contar com a participação da Prof. Tânia Bacelar, a mais destacada dentre os economista em atuação em nossa região, que também foi presidente do Corecon-PE. Também trouxemos outros nomes de destaque, como Márcio Porchmann, Wilson Cano, Maurício Romão, Júlio Miragaya, Paulo Gala.
Também voltamos a promover cursos de capacitação, dirigidos aos economistas e estudantes de ciências econômicas e destinados a elevar a capacitação dos participantes em algumas atividades privativas ou inerentes (compartilhadas com outras profissões regulamentadas). Promovemos cursos nas áreas de elaboração de projetos econômicos, perícias econômico-financeiras e licenciamento ambiental.
Entre as principais realizações do Corecon-PE pós intervenção do Cofecon está o Enpecon. Trata-se de um encontro acadêmico, nos moldes de outros promovidos em vários estados do país, iniciado um pouco tardiamente em Pernambuco, por ter se iniciado alguns anos após o de estados de características similares, como a Bahia. A propósito, a divulgação do Encontro de Economia Baiana despertava em nós o desejo de algo similar em nosso estado. Em mim, no Cons. Fábio Silva, que trabalho comigo no Banco Central, e também em pessoas do Programa de Pós-Graduação em Economia (PIMES) da UFPE, em particular o Prof. Yony Sampaio e a então doutoranda Renata Caldas. Logo outras pessoas foram se agregando à organização do evento, como o Prof. Álvaro Barrantes, A Presidente Ana Cláudia Arruda e a Prof. Maria Fernanda Gatto. Vale ressaltar que o Corecon-PE não apenas apoia ou patrocina. Realiza esse encontro acadêmico de economia, oficial de Pernambuco, em condições de igualdade com o PIMES.
É um encontro anual, realizado no mês de novembro, com submissão e seleção prévia de trabalhos nas áreas de economia pernambucana, economia regional e agrícola e teoria aplicada, a serem apresentados em sessões paralelas, dos quais os melhor avaliados recebem premiação em dinheiro e são publicados em livro. Nas mesas redondas e sessões especiais são apresentadas palestras de especialistas em vários temas, tais como Tânia Bacelar(CEPLAN), Clóvis Cavalcanti(FUNDAJ), Carmen Feijó(UFF), Gustavo Maia Gomes(UFPE), Antony Hall(LSE-London), Julimart Bichara(Univ. Autônoma Madrid), David Kupfer(UFRJ), Jorge Jatobá(CEPLAN), Hector Nuñes (CIDE- México), Carlos Azzoni(USP). Os patrocínios têm sido conseguidos isoladamente, com o PIMES captando da Capes, Facepe e UFPE/Propesq, enquanto o Corecon-PE tem captado da Empetur, BNB, AD Diper e Qualicorp.
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